19.11.17

Boas empresas - parte 1

Dou de barato que todos sabemos que (dou de barato, mas não devia dar, pois vivemos num tempo de opiniões e não de verdades e num tempo de opiniões nada costuma ser barato - mesmo assim, como sou de outro tempo, arrisco):

1) Em bear market não há boas empresas, só bons negócios e boas jogadas [a bolsa como jogo, não como jogo de sorte e azar (vade retro), mas como jogo de tiro ao alvo].
2) A bolsa portuguesa é curta e mais exígua ficou desde que a crise, o desnorte, a ignorância e a soberba se uniram para a podar selvaticamente, reduzindo a pó algumas das empresas mais carismáticas (RIP BES, PT, Cimpor, etc.).
3) PSI20 sucks and stinks e não há jeito de arrebitar como deve ser! Só para usar uma bitola que está na moda: o funcionalismo público queixa-se que está congelado desde 2011; pois bem, aposto que o nosso mostrengo adoraria ter ficado congelado, mas em vez disso derreteu 35% desde essa data. Este ano sobe 12%, justamente o mesmo que escafedeu no ano passado, há dois anos subiu 10 sobre cem, e no ano anterior mirrou 27%! Quem aganta? Joder!
4) Mesmo assim, temos fé (à falta de melhor) de que o bull market prevalecerá, não está fácil amigos, mas prevalecerá e frutificará (p.e. os resultados empresariais estão, genericamente, a subir e mantêm-se boas perspetivas para a economia nos próximos trimestres). 
5) Em bull market as empresas boas sobem, e as más não (numa bolha sobe tudo, principalmente, o lixo), o que autoriza que se passe a alargar o horizonte temporal dos investimentos.


Portanto, vamos fazer aqui um exercício de apresentação das nossas boas empresas, numa perspetiva de médio-longo prazo. Avisamos já que não somos contabilistas, nem temos qualquer tipo de habilitação especial para além de um par de olhos astigmáticos, mas temos do nosso lado 1) a experiência de duas décadas a virar frangos, 2) a distinta lata de mandar bojardas ao ar sem qualquer tipo de preocupação com o local de aterragem:


A nossa empresa favorita tem sido a Sonae Indústria e não nos temos arrependido. 

Na quinta-feira apresentou resultados e a molecada assustou-se com a descida dos lucros em relação ao ano anterior e com a descida da margem (para 18%!) (ignoro se com mais alguma coisa) e desatou a vender. 

Mas eu, que já tive ações da Soni quando a empresa valia 10 vezes mais do que vale hoje (não se preocupem, alguém tomou conta delas antes que me dessem cabo da cabeça, já nem sei se com lucro ou prejuízo), mantenho que esta é daquelas que está subavaliada e pode dobrar com toda a tranquilidade. Basta para isso que mantenha a trajetória de recuperação e de redução da dívida. Se se concretizar o boom de construção que vem aí no próximo ano, não só no nosso país (olhem à vossa volta), mas também em outros mercados onde a empresa está presente, então há mais do que motivos para estar confiante e nem precisamos de especular com uma possível subida ao escalão principal da nossa bolsa. 


A outra é da mesma família, já temos falado dela mais vezes, e tem a mesma malta a dirigir. Trata-se da Sonae e julgo que não será necessário ser cliente do Continente para verificar que esta gente não brinca em serviço nem dá ponto sem nó! A Sonae deve ser das empresas portuguesas com a estratégia mais clara e bem montada e onde se nota que há competência e savoir faire. Não é uma empresa que tenha tido a tarefa fácil, muito pelo contrário, opera em áreas de enorme concorrência e onde não é fácil ter margens de lucro que proporcionem resultados de encher o olho, mas mesmo assim consegue apresentar números de estalo. Com lucro a subir, numa base comparável, para 139 M€ em 9 meses (perto de 200 M€ no ano), com a dívida a descer e a valer 2000 M€ não nos parece cara, parece-nos até barata, atendendo à enorme diversidade de negócios e ao crescimento potencial!

Sem comentários:

Enviar um comentário