28.6.17

Bull-bear market (o caso do PSI20)

Muita gente labora no erro de achar que bull market (em português temos um bocado o trauma do forcado por causa dos tempos que passamos a ver a corrida da casa do pessoal da RTP na monumental praça de touros do Campo Pequeno e não soa bem falar em "mercado touro") é quando, mais coisa menos coisa, o mercado está sempre a subir e não tem ciência nenhuma retirar dinheiro da jogatana.




Mas um bull market não é nada disso e, verdade seja dita, quando o mercado envereda por essa situação de subida sem parança temos um evento totalmente diferente a que costumamos chamar bolha especulativa a que, por norma, se segue um rebentar da bolha e um bear market.


A grande diferença entre um bull e um bear market é que no primeiro a malta tem medo de ficar de fora, de maneira que as quedas são, normalmente, oportunidades para comprar, ao passo que no segundo caso, o pessoal dorme mal quando fica investido para o dia seguinte, de maneira que as subidas costumam ser boas oportunidades para vender. 

Foi essa passagem para bull market que tivemos oportunidade de assinalar algures num post lá para trás quando o PSI20 ultrapassou com estrondo a nossa linha amarela ali na zona 4730-4760! Porém, também fomos dito diversas vezes que a verdadeira fronteira bear-bull de longo prazo está na zona dos 5300 pontos (a nossa linha verde) e que, acima desse valor, o medo de ficar de fora e perder ótimas valorizações vai tolher os vendedores e tornar os compradores temerários; em suma, vai gerar um frenesim de ganância. E a verdade é que os tais 5300 pontos já foram atingidos por diversas vezes, mas jamais o mercado se mostrou capaz de os superar, razão pela qual subsistem dúvidas quanto à solidez do movimento.


Muitos dos amigos que frequentam esta casa têm-nos perguntado como é possível que nós estejamos agora tão ausentes, quando o PSI20 leva 11% de subida anual, e o bear market parece ser coisa do passado, se andávamos para aqui sempre a mandar broas enquanto isto parecia não ter ponta por onde se lhe pegasse. É uma dúvida pertinente e merece um esclarecimento cabal.

O primeiro motivo para o nosso silêncio é evidente. Com o mercado feiote como andou até abril é difícil pa caramba tirar para os gastos e, como é evidente, um tipo trabalhador e que queira vingar neste ramo, tem que dar ao cabedal se quer por a loja a render. De maneira que passávamos o tempo a mandar palpites a ver se a coisa lá funcionava (por indução?!), sendo que a maior parte das vezes andamos a apanhar bonés. Agora que a coisa deu um tiquinho, já nos pode dar um bocado para a calaceirice e não estamos nada virados para vir para aqui gastar o teclado se temos um bocado de cascalho no bolso para bejecas, praia, boa vida e laró! Nisso, temos muito orgulho nos nossos genes tugas. 

O segundo motivo é este: o mercado está à bica de entrar num bull market de longo prazo, mas tem uma resistência que já provou ser rija, de maneira que, neste momento, tirando jogadas de toca e foge há poucos motivos para analisar o que quer que seja. Se fosse possível olhar para o passado em busca de respostas certeiras para o presente, diríamos que a quebra da resistência, a acontecer, seria coisa para o final de agosto, início de setembro, quando encerra a silly season, em que toda a gente vai a banhos, e se colocam as fichas para a segunda metade do ano. Mas nestas coisas, como em tudo o resto, o passado pode servir de exemplo, mas jamais será bom guia porque, como todos sabemos, ele raramente se repete. 

Assim sendo, o que nos apraz dizer neste momento, é isto:
  • No curto prazo, o PSI20 parece ter perdido algum gás. Hoje segurou-se na EMA50, mas só lhe fazia bem se viesse visitar os 5000 pontos e a verdade é que pode começar a haver motivos, até fundamentais, para que essa descida se efetive. A subida do euro, que ontem e hoje deu sinais de grande pujança, é má para uma parte exportações que contribuíram para o bom registo do PIB no primeiro trimestre e pode levar alguns a acreditar que os próximos trimestres sairão penalizados. É certo que na bolsa não há muitas empresas com ligação direta à economia nacional, pelo que, tirando as exportadoras de pasta de papel, o efeito é mais psicológico. Mas, acreditem, é o tipo de coisa (principalmente se vier associado a uma queda do índice alemão) que convencerá alguns a vender!
  • Por outro lado, se houver uma rutura em alta dos 5300 pontos, com um volume forte, então não vale a pena estarmos com conversa fiada e argumentos de ordem económica ou fundamental porque todos saberemos o que há a fazer e é burro quem o não fizer.
Ontem vi o belo filme coreano cujo trailer pusemos aqui ao lado e vi-me à rasca para adormecer porque o diabo da cantilena (que estava na ost) que ponho aqui abaixo não me saía da cabeça. Experimentem:

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