21.2.16

O lobo mau

Os números da economia ajudaram, o acordo do petróleo também e a tremenda situação de sobrevenda deu o impulso final para que os principais índices tivessem uma semana muito engraçada, tendo em conta o que vem sendo a bitola no que vai de 2016. Aliás, a festa esteve tão porreta que, como em boa hora assinalou o João aqui, fomos a toda a bolina em direção a uma zona de perigo nos índices que acompanhamos.

No DAX embatemos nos 9400 pontos, anterior suporte-mor, reforçado pela presença da EMA21, zona agora infestada de ursos e, por conseguinte, terreno de shortanço. Se quebra em alta já, ficamos muito admirados (mas longe de nós regatear com o mercado)! Se vem para baixo arrisca mínimos ou, sendo mais otimista, ou higher low um duplo fundo. Manda a lógica, portanto, que se entre curto com target nos 8700-8800, mas o mercado só costuma ser lógico no retrovisor e a olho nu é mais matreiro que o lobo mau.


Pedimos desculpa pelo lapso da régie, que colocou a estampa desta moçoila talvez a pensar nos motivos que levaram o lobo a ser mau e matreiro. A imagem correta é esta:


No S&P500, o João explicou tudo no texto dele e nós não lhe acrescentamos uma vírgula que seja. No PSI20, o nosso gráfico ficou assim:


É evidente que com a reentrada no canal em jogo na quinta-feira, não precisaram de nos assobiar para passar o testemunho a outros, que estivessem menos cansados, e assim chegamos ao fim-de-semana líquidos como água da torneira.

Se nos perguntarem o que faremos em seguida, diríamos que nos parece que a jogar na equipa da ursalhada (ou do lobo mau!) se estará melhor, tanto mais que poderemos fechar com poucas perdas se houver quebra em alta daquelas linhas chave que pusemos no gráfico.

Aliás, no início da semana, ficaremos admirados se não houver lucros para quem vender emprestado e explicamos porquê.

O anúncio do referendo no Reino Unido é, evidentemente, uma má notícia, até porque o mercado só estava à espera desse berbicacho em 2017. Claro que a reação pode não ser má, se rapidamente houver a percepção de que o "sim" ganhará, mas a verdade é que até 23 de junho vamos andar bastante tempo ao sabor das sondagens e dos anúncios de apoios que um e outro lado for conquistando. A forma com o primeiro-ministro britânico anunciou a decisão no dia de ontem, enfatizou quão grande é a situação de exceção do acordo RU/UE e admirar-nos-ía que as opiniões públicas mais independentes da UE como os nórdicos ou os alemães e em especial os franceses não começassem a fazer contas de cabeça acerca do funcionamento da própria União. Se o "não à UE" ganhar vamos assistir, como tem sido assinalado por diversos analistas, a uma situação de tão grande turbulência que muita gente terá que retirar dinheiro do mercado desde já só para poder descontar o risco dessa possibilidade. É que, por muito remota que a vitória do Brexit possa vir a parecer (como assinalava hoje o meu amigo Renato, há muitos fatores que os britânicos terão que pesar muito bem e não são só fatores económicos; por exemplo, se o RU sair da UE é provável que a Escócia abandone mesmo a união para poder aderir sozinha), há sempre a possibilidade de um atentado de última hora que espolete o medo a tal ponto que conduza a um resultado emocional! 

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