10.1.16

DATAC

Após uma semana de negociação estarmos com quedas anuais a rondar os 7% no IBEX, no CAC e no NASDAQ, 6 no Dow e no S&P, e acima de 8% no DAX é quase tão inacreditável quanto o facto de, desta vez, o PSI20 até nem ficar mal no retrato (-3,5%). É verdade que havia um grande pessimismo no ar antes do final do ano e houve sinais técnicos relevantes que foram ativados no sentido descendente, mas um movimento desta dimensão, em tão curto espaço de tempo, é coisa para deixar os cabelos em pé ao mais indefectível otimista (eu nem imagino como se deve estar a sentir, neste momento, o nosso ministro das finanças, às voltas com um orçamento de estado tão cheio de riscos, enquanto que os mercados internacionais metem um medo dos diabos)! 

Seja por causa da China (já por diversas vezes chamamos neste espaço à atenção para o PMI chinês estar, há tantos meses, abaixo de 50), seja por outro motivo qualquer, se este movimento não for rapidamente estancado vamos começar a ver maus indicadores da economia real e caminharemos para uma crise. É que, ao contrário do que é senso comum, a maior parte das vezes (salvo cisnes negros como atentados ou cataclismos), são os mercados financeiros que marcam o compasso do ciclo económico e não o contrário: queda dos mercados antecipa desemprego e crise, que acaba por se começar a materializar algumas semanas mais tarde. Muitas vezes somos levados a pensar que os maus dados foram prognosticados pelos sabichões dos mercados, mas a verdade é que o bear market, ao retirar dinheiro do bolso de quem realmente mexe com a economia, cultiva ele próprio os períodos de baixa!

Há quem ache que já estamos em bear market (nos principais mercados financeiros, bem entendido; no PSI20, nem chegamos a ver o touro), e a verdade é que desde abril quem anda a apostar longo dificilmente tem ganho dinheiro, pelo que no médio prazo temos andado, realmente, a levar sapatada do urso! Porém, neste momento, nós por cá ainda nos mantemos acima do nível em que Deitamos A Toalha Ao Chão (nível DATAC).


Consideramos, contudo, que as próximas sessões poderão ser decisivas e cremos que os gráficos que colocamos a seguir clarificam a nossa posição.

Evidentemente, nem vos precisamos de lembrar que consideramos um nível DATAC um ponto de compra para quem não se importa de ver o dinheiro violentado (é muito mais racional comprar num DATAC do que no ponto em que nos encontramos neste momento, ou em qualquer ponto por onde passamos ao longo da semana que terminou). É imprescindível, contudo, colocar um stop loss a uma distância a gosto abaixo desse patamar, sob pena de perdermos noites de sono desnecessariamente! 

Vamos aos gráficos.

No DAX a linha horizontal vermelha é o nosso nível DATAC. Não o vemos a quebrar já e mantemo-nos na expetativa de um ressalto pelo menos nos 9400 pontos. Se não houver... foda-se! Se existir, temos um duro caminho para cima!


No CAC estamos quase DATAC, o que nos leva a pensar que estará por dias o esclarecimento cabal da situação (aqui damos 100 pontos de intervalo de confiança abaixo dos 4300).


No S&P DATAC abaixo dos 1870 pontos (a 2% do fecho da semana).


No PSI20, o nível DATAC está há muito tempo nos 4900 pontos e reafirmamos que não se aconselham tomadas de posição nestes ressaltos em números redondos. Quem não gosta de apertos deve abster-se, em absoluto, até que haja uma quebra consistente dos 5400 pontos (do jeito que as coisas estão, teremos tempo para falar disso).


Aperceberam-se, certamente, de que o nosso raciocínio é muito simples: como estamos bear desde abril, com um duplo mínimo de permeio, consideramos que a quebra desse mínimo vai fazer os investidores procurarem novos mínimos mais abaixo e encarar um mercado urso de mais longo prazo. Acima dos níveis DATAC podemos ter ressaltos violentos como os que ocorreram no final do verão; abaixo vamos ter ressaltos até esses níveis que passarão a resistências fortes. Olhando para a envergadura do movimento e o registo recente, acima do DATAC nada nos demove da ideia de que estamos em presença de uma correção que poderá acabar com um fundo em V!

Apenas uma nota adicional. Concretizou-se o que conjeturamos aqui e a queda deste ano no PSI20 é, até ao momento, similar ao movimento feito no início do ano passado (há uma diferença de patamar e pouco mais - até o movimento antecedente é semelhante): queda a rondar os 4% e um duplo fundo de poucas semanas! Vai ser interessante verificar se a história se repete:

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