8.7.15

I don't care

Se vocês se derem ao trabalho de irem ver o que nós andamos para aqui a escrever ao longo deste ano, sempre que nos referimos à Grécia, hão de ser capazes de reconhecer que desde logo nos pareceu que a situação iria resvalar para uma azeitada das mais foleiras. Para o bem e para o mal os do Tsipras vinham preparados para revolucionar, e não enganaram ninguém com a missão de que vinham incumbidos: dinheiro grátis para os gregos e já! Os borrachões do Olimpo não a teriam pensado melhor, nem que tivessem o divino Baco à cabeça!

Agora o Tsipras enfiou-se num buraco de que só sai, lá está, como os deuses todos a ajudar e quer-me parecer que nem com esses se salva. Aquela do referendo, tão aplaudida pela malta carente de heróis, foi uma estopada tão irracional que, para dar certo, vai ser necessário que a matemática deixe de funcionar. Nos próximos dias saberemos em que deu a aventura, mas é bom que não nos esqueçamos de que o grande problema dos revolucionários, ao longo dos tempos, é nunca terem sabido em que momento é fundamental ficar um poucochinho sensato!

De maneira que o mercado, subjugado pelo peso da irracionalidade, perdeu completamente o módico de previsibilidade que nos permite sacar o nosso quinhão e transformou-se num jogo volátil e adivinhatório. E para isso, bem, não contem connosco. Para jogo, vamos aqui.

Quem gosta de jogar, todos sabem, são os chineses. E que bem que eles têm jogado: no ano anterior a 10 de junho a bolsa de Xangai subiu 160% e desde aí (em menos de um mês) afundou 34%. Um mergulho de uma envergadura tal que se não afetar a economia mundial, então bem podem dar a carreta de milhões ao Tsipras que também não faz mal nenhum!

No meio disto tudo tivemos finalmente os índices americanos a arriar, com o S&P500 finalmente a quebrar em baixa a SMA200: é caso para perguntar onde é que o tio Sam tinha a cabeça para demorar tanto tempo a reagir (no final, foi mesmo necessário queimar os fusíveis no Dow Jones para que o povo ganhasse juízo e começasse a vender):


Para aqueles de vós que estão a salivar por um qualquer tipo de acordo que livre a Europa e o Tsipras do sarilho em que estão (estamos) metidos e que esse acordo faça explodir o PSI20, deixo-vos o gráfico que nos diz que o estrago feito é já tão grande que mesmo esse milagroso desiderato não será suficiente para nos deixar fodidos da vida por irmos de férias e perder boas subidas. Este ano vamos mais uma vez poder gozar tranquilamente o pilim com a certeza de que a bolsa só no final do verão voltará a valer a pena. Pelo quarto ano consecutivo. É obra! Três vivas à quase falência da república em 2012, 3 vivas ao sempre irrevogável acontecimento do vice premier Portas, em 2013, mais 3 vivas o Salgado e ao monumental estoiro do BES e este ano dêmos vivas ao Tsipras e aos nossos amigos chineses (que ainda por cima vão fazer a fineza de comprar o que resta do BES - se conseguirem tirar o graveto a tempo da bolsa chinesa! Boa sorte!). Com a devida vénia a quem se mantém no mercado alegremente a torrar cacau! Olhem que cheira a queimado!


Entretanto, amigos, fica um sonzinho catita para aqueles que fazem da bolsa uma festa em que, dê por onde der, chova ou faça sol, com Tsipras ou sem tripas, havemos de ganhar, carago. 


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